Conversando sobre educação política

Morei em uma cidade do norte de Minas por uns bons pares de anos. O suficiente para vivenciar cinco processos eleitorais locais e comparar com outros tantos nacionais e com os daqui de Diamantina. Neste período estive afastado da minha cidade natal para a qual retornei em 1997, para exercer a delícia que é o magistério. Quando morava em Coração de Jesus, presenciei verdadeiras batalhas verbais nos palanques. Lá, os adversários são verdadeiramente rivais e logo após a eleição de um ou outro, a disputa para a próxima já se iniciava, fato que não percebia por aqui, onde o processo eleitoral era mais calmo. No âmbito nacional, presenciei a beleza do movimento das “Diretas já”, senti na pele o que foi a hiperinflação, senti o prazer de manusear uma nota que chegou a valer o dobro do dólar, sinal de que estávamos a caminho de uma segunda independência. E foi mesmo. A inflação acabou porque houve pulso do governo, mas, sobretudo porque o povo quis. E é neste ponto que quero chegar neste longo intróito: é preciso educar o povo para que ele saiba escolher seus governantes. A eleição do palhaço Tiririca nas eleições passadas foi uma lição de como o povo pode manipular, mesmo que seja em sinal de protesto, os destinos de toda uma nação. Uma pessoa que custou a provar que sabia escrever o nome representa um povo que clama por educação e para o qual temos muito a contribuir. Não há que se lutar ainda contra a ignorância política que, indiretamente, perpetua o quadro de deseducação geral (lembrem-se do descaso com a greve dos professores). É chegada a hora de irmos em favor destas pessoas, que, com certeza, não é nenhum de vocês que me lêem. Quem tem acesso a um jornal e hábito de ler, já demonstra que soube aproveitar as oportunidades que teve na vida, mesmo que tenham sido poucas. De quem lê um jornal, já se supõe ser um possível formador de opinião. É nosso dever pois, educar aquelas pessoas que por algum motivo ainda não conseguiram, sozinhas, discernir o ético do antiético, uma livre escolha de uma coerção. Esse papo ainda continua. Mas é bom que seja aos poucos, para ser bem digerido. 

Ricardo Lopes Rocha