domingo, 8 de janeiro de 2012

Minadouros nas ruas e o Acerta Pedra


Sol e chuva são dádivas abençoadas de Deus que possibilitam nossa permanência neste maravilhoso planeta. Entretanto, no campo ou nas cidades, devemos nos prevenir para receber cada um destes fenômenos naturais, pois sua medida não nos é dado a conhecer de antemão. Com a chuva, a atenção deve ser maior, pois pode acarretar vários imprevistos e a culpa é toda nossa. Além de problemas comuns como: roupa que não seca, calhas entupidas, paredes que mofam, na zona rural ocorrem sérios problemas com a erosão do solo ou com deslizamentos de terra. Semana passada, escrevi sobre pequenos minadouros que tenho visto nas ruas de Diamantina. Penso que há uma relação entre este fato e os estragos no calçamento. O calçamento esburacado, desnivelado ou sem o escoamento pluvial adequado, facilita a infiltração de água para o solo. Nas fazendas, a infiltração de água no solo é tudo de bom, pois alimenta o lençol freático e mantém o solo úmido mais profundamente para que as plantas possam enfrentar a estação seca. Mas na cidade, o ideal é que as águas de chuva escoem rapidamente e que este escoamento seja de preferência interrompido de espaços em espaços por “bocas-de-lobo”, para que não se avolume a ponto de causar danos ou acidentes. O ideal é que, logo que a chuva cesse, a cidade seque rapidamente. Além da rede pluvial, essencial para diminuir a infiltração excessiva de água, causando deslizamentos como o que ocorreu com o muro do Museu, parte da infiltração de água ocorre em toda a extensão do calçamento, de maneira mais ou menos intensa. O calçamento recunhado, apesar de ser colocado apenas em cima de terra, cada pedra, ao ser encaixada, é socada, o solo abaixo dela fica compactado e entre elas, os espaços são todos preenchidos por pedras menores, areia e terra. Numa primeira análise, pode-se pensar que este esquema de piso facilite a infiltração de mais água se comparado ao calçamento rejuntado com cimento, mas é engano. Com pouco tempo, no calçamento recunhado, devido ao trânsito de pessoas e carros, as pedras se “ajeitam” umas às outras, reapertando-se mutuamente e compactando o solo de tal maneira que se torna estável sem provocar deslocamento de pedras. No caso do rejuntamento com cimento, esse pequeno movimento das pedras não acontece e o terreno não é compactado aos pouquinhos, de acordo com o tráfego que recebe. Inicialmente a infiltração de água é menor, quando o calçamento é novo, mas com pouco tempo, as rachaduras aparecem, o cimento se esfacela, buracos aparecem e aí sim, a infiltração é potenciada. Como este fato ocorre praticamente na cidade inteira, imagino quanta água está sendo infiltrada no solo com estas chuvas ininterruptas. Daí vem a ligação deste fato com os minadouros: com estas chuvas contínuas, a grande infiltração nas ruas que deve estar acontecendo, a água tem que ir para algum lugar. A que está saindo pelos minadouros, estamos vendo, mas e o restante? Novamente publico minha preocupação com este detalhe que à primeira vista pode parecer pequeno, mas não deve ser desprezado. Outra preocupação que tem me afligido é o volume de chuvas. Não tenho informações sobre o volume de chuvas, mas, a impressão que dá é que está aumentando ano a ano. Este é um dado que não chequei, mas até fiquei curioso em verificar.
Ricardo Lopes Rocha



Foto publicada no face book, com indicação de autoria de Everton Cássio. Algum indício me leva a acreditar que na Rua Zé de Lota deveria ter mais "bocas de lobo"... Vejam só que volume de água em uma chuva forte. Como Diamantina tem ruas bem inclinadas, a enxurrada pode causar acidentes, reparem o carro que passa: se ele estivesse mais próximo da enxurrada, por exemplo, caso outro carro estivesse descendo a rua, ele poderia correr o risco de ser arrastado!