quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Minas na cidade


Pela história que se pode ler nas “Memórias do Distrito Diamantino”, tem uma parte que descreve a região da praça JK como uma região alagadiça, destes que a gente encontra comumente nas caminhadas pelos campos, imagino eu, com água escorrendo pela superfície e ao pisar, o pé afunda. Veio o Arraial do Tijuco, a ocupação dos espaços, drenagens das águas, construções, calçamento, trânsito e chegamos aos dias atuais. Mas o que estou notando em vários pontos das ruas de Diamantina? Mini-minadouros d’água! O mais preocupante deles e que muitos já devem ter visto é aquele atrás da Catedral. No beco da paciência tem outro, com bastante água, na Rua do Tijuco tem, no Beco dos Beréns tem, na Rua São Francisco, logo acima da Igreja tem, e assim deve ter em outros lugares que eu não passo muito. Vamos pensar agora no desmoronamento do muro do quintal do museu. De que eu me lembre, parece foi a terceira vez. E a anterior, não foi há muito tempo, talvez há dois anos, se não me engano. Gente, o que está acontecendo por aqui? Será que houve algo errado nas construções antigas, nos traçados das ruas, ou é a chuva que veio com maior volume e por mais tempo desta vez? O fato é que, hoje, depois de mais de três dias sem chuva, passei pelo centro e a mina d’água estava lá, atrás da Catedral! Se ninguém se importa, que se importem os vizinhos, que se importem os curadores do museu, que se importem o pároco da Catedral, pois o que não pode é achar que uma infiltração de água é algo de menor importância! Para aquela “aguinha” provocar rachaduras ou até desmoronamentos naquelas construções dali do centro, é só fechar os olhos e não se importar, deixar como está para ver como é que fica! Da minha parte, já alertei e alerta nunca é demais. A catedral é uma construção pesadíssima e um amolecimento do solo ao redor dela pode gerar fatos imprevisíveis. Penso que é um problema a ser resolvido o quanto antes.
Ricardo Lopes Rocha

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Novena de Natal



O tema da novena de Natal deste ano foi bem interessante e veio a calhar para gerar discussões sobre vários assuntos e um deles foi a escravidão a que nos sujeitamos pelas tentações da modernidade. Falando dos excessos cometidos em frente ao computador, foi comentado que muitas pessoas se deixam levar pelas novidades que a comunicação via internet nos traz, que, num primeiro momento surpreende, para logo em seguida, ir nos envolvendo pessoa de certa maneira que se torna difícil se desvencilhar da atividade que aos poucos vai se tornando um vício. Até pelo próprio descobrimento de novos recursos, resultado do uso contínuo e desafiador do computador, a atenção vai sendo desviada de valores e fatos reais para os fictícios, que só existem na rede, só existem para aquele interlocutor que nunca se vê, toca ou mal conhece ás vezes. Tal qual como acontece com os joquinhos eletrônicos, o próprio desafio de vencer etapas e passar “fases”, torna-se o mecanismo que faz com que o jogador fique viciado e não consiga se livrar daquilo no momento que deseja. Já coloquei para mim o seguinte postulado: se eu não consigo fazer algo que eu gostaria de fazer, por estar envolvido por algo ser obrigação do trabalho, eu estou sendo escravo desta atividade. Por este mesmo raciocínio, a sociedade moderna se tornou escrava da posse de carros, de serviços de entrega, de horários extravagantes e lógico, do computador. Vou dar um exemplo para ficar mais claro: está se tornando cada vez mais comum uma pessoa querer receber em casa (um vício) um sanduíche (outro vício) no domingo à noite (outro vício), enquanto navega no feicebúqui (outro vício).  O que esses vícios geram: escravos da entrega rápida que arriscam suas vidas dia e noite para satisfazer os viciados; casas de sanduíche que faltam escorrer gordura, colesterol e outros venenos pelas ventas; o terceiro vício gera um batalhão de empregados-escravos nos supermercados que não podem ter o domingo de descanso e o último exemplo, gera um batalhão de zumbis que se alheiam da vida, amigos, pais, filhos, e de tudo o mais que é real. É triste constatar isso, mas dei um exemplo de quatro vícios que nos escravizam. Como nos livrar para sermos de novo pessoas inteiras e livres, depende de cada um. O Natal é tempo de pensar nestas coisas e reatar laços que ficaram esquecidos com o tempo perdido nos vícios dos quais nos tornamos escravos.
Ricardo Lopes Rocha

domingo, 4 de dezembro de 2011

Conversando sobre educação política V



Armadilhas do processo eleitoral III. Depois das falácias: “não quero perder meu voto”; “todo político é ladrão”, vou escrever um pouco sobre outra forte armadilha eleitoral que é a pulverização dos votos. Esta, é uma realidade que, não raro, tem acontecido. Se, durante as conversas, reuniões preliminares entre partidos não se costura apoios necessários para lançar os candidatos que irão atender aos anseios da população, é normal que cada facção se ache no direito de lançar seu próprio candidato. Se por um lado, este fato é o puro exercício da democracia e é saudável que o povo tenha opções de escolha entre muitos candidatos diferentes, por outro lado, se houverem muitos candidatos à escolha, existe uma tendência de que aquele que tiver mais poder econômico, ou mais acesso à população, ou uma influência direta sobre certa faixa de população, vai levar vantagem em relação aos outros que possivelmente poderiam ter uma proposta de governo mais justa, mas não possuem meios de levar a proposta convincentemente a todos, por motivos vários. Com grande número de candidatos, cada um começará a lutar e argumentar com as armas de que dispõe e, ao invés de se discutir ideologias, projetos, planos para o futuro, passa-se a discutir fisiologismos, o famoso “é dando que se recebe”. Deste nível para os favorecimentos específicos, negociação de cargos de confiança, e outras mazelas é um pulo. O resultado de uma disputa muito dividida não são benéficos para a comunidade, muito menos para a administração, que fica amarrada a promessas impossíveis de cumprir e em débito com os “excluídos”. O interessante seria que, antes que candidaturas sejam lançadas, fossem feitos estudos prévios de viabilidade para cada possível candidato e os partidos que forem realmente de uma mesma linha de pensamento se unissem para lançar menos candidatos, porém, com chances reais de se eleger. Com o apoio garantido pela união de forças, os argumentos ficam mais fortes e seguros, os discursos ficam mais livres, sem necessidade de fazer promessas vãs, numa disputa ideológica igualitária. Será isso uma utopia, ou ainda existe chance para uma campanha limpa, sem fisiologismos, para uma disputa político partidária essencialmente ideológica?
 Ricardo Lopes Rocha

domingo, 27 de novembro de 2011

Conversando sobre educação política IV



Armadilhas do processo eleitoral II. Semana passada escrevi o que penso sobre a dito popular tão famoso quanto errôneo que é o “não quero perder o meu voto.” Desta vez vou escrever o que penso de outra armadilha eleitoral um pouco mais difícil de argumentar, mas deixo o meu ponto de vista, à crítica de vocês sobre outro bordão muito comum: “não vou votar porque todo político é ladrão.” Julgamentos prematuros nos levam a ter idéias erradas sobre as pessoas e fatos. Entretanto, encontrar a verdade é difícil, nestes tempos de globalização em que todas as informações são manipuladas, editadas, etc. Devemos apelar para o nosso senso crítico para não nos conformarmos com a primeira informação que chega sobre algo ou alguém. Afirmar que todo político é ladrão é no mínimo ofensivo àqueles que se esforçam para gerir de maneira honesta e transparente. É evidente que existem muitos gestores improbos, desonestos, mas acredito que são a minoria, só que é a minoria que sempre aparece mais, é a que sai na mídia. No recente acontecido na USP por exemplo, apenas 0,06% dos alunos num universo de 80.000 alunos é que queriam fumar maconha dentro do campus, e essa ínfima minoria fez aquela arruaça. Assim também é com as informações. Para retirar a verdade do que se lê ou ouve, deveremos “perceber nas entrelinhas ou nas entrefalas” o que julgarmos correto. Julgar todos os homens públicos como “ladrões” é uma armadilha que nos fará ter aversão do processo político do qual seremos dependentes e cúmplices. Se as pessoas honestas se eximem de votar, votando em branco ou anulando seu voto, os maus intencionados e desonestos, certamente vão prevalecer. A atitude correta é não votar em quem julgarmos desonestos e votar nas que julgamos melhores! E outra: ter antipatia de política só vai fazer com que pessoas menos competentes sejam eleitas. Todos que têm consciência e querem melhorar nossa cidade ou país, têm que participar SIM, do processo, e de maneira ativa! Uma providência que cabe a todos, sem distinção é EDUCAR. Explicar a quem ainda cai nestas armadilhas eleitorais como se comportar.
Ricardo Lopes Rocha

domingo, 20 de novembro de 2011

Conversando sobre educação política III



Armadilhas do processo eleitoral. Todos já devem ter ouvido alguma vez aquela expressão: “ah! Não vou votar em fulano porque não vou perder meu voto!” esta expressão denota que esta pessoa ignora como se dá um processo de escolha livre e democrática. Vamos supor que todos estivessem fechados em quartos separados e sem comunicação; as propostas de cada candidato seriam repassadas a cada um em particular sem mais nenhuma influência externa. Só no dia da votação é que todos sairiam destes quartos imaginários e iriam exercer seu direito de votar. E só depois de apurados, é que se saberia o vencedor. Tentemos pensar com esta simplicidade com que explanei esta experiência fictícia. A realidade, por incrível que pareça, é igualzinha, apenas que ninguém vai ficar isolado do mundo enquanto o processo político se realiza. Cada pessoa passa a conhecer os candidatos pelo que vê, escuta e fica sabendo. Muitas pessoas podem ter as mesmas informações ou elas podem divergir completamente, isso faz parte do processo e é saudável que aconteça. Por isso, a opinião que se acha que a maioria tem não deve influenciar no momento do voto, mesmo porque este ato é SECRETO e INVIOLÁVEL! O que se faz na cabine só o cidadão que está lá é que sabe. E não é preciso se sujeitar a ameaças de que “eu vou conferir todas as urnas e vou saber se você votou em mim ou não!” estas coisas a gente sabe que acontece; com pessoas dos mais variados níveis, de conhecimento, de cultura, não há distinção. O que importa, neste período que antecede a campanha, é esclarecer, incansavelmente, que todos somos livres para decidir nossa escolha, sem sermos coagidos, sem direcionamentos e muito menos sem aquela famosa frase com que iniciei este artigo: “perder o voto”. Ninguém “perde” voto, se o seu candidato ganha, é porque mais pessoas o escolheram; se ele perde, é porque menos pessoas o escolheram e é só isso! Mas se nos deixarmos levar pelas conversas, “pesquisas” e outros artifícios, estaremos nos deixando levar pela maré e deixando nossa verdadeira vontade, livre, espontânea e verdadeiramente democrática de lado. Não existe perder o voto. Existe fazer uma escolha e pronto. E esta escolha deverá ser de acordo com a consciência de cada um e não de acordo com presentes ou favores que este ou aquele prometeu ou já deu. Nada disso deve influenciar a livre vontade na hora da escolha.
Ricardo Lopes Rocha

domingo, 13 de novembro de 2011

“Personal car”


Este foi o mais novo e ridículo nome (ainda mais porque não é em português) que inventaram para uma função que pessoas sem o que fazer inventaram para suprir a sede dos que tem mais apreço aos seus carros que talvez pelas pessoas. Há algum tempo, como assinante de uma revista conhecida de muitos brasileiros pela sua grande circulação, me impressiono com o montante de comerciais referente a carros estampadas em grande parte de suas páginas. São inúmeras as inovações, os modelos são inesgotáveis, os acessórios  faltam fazer as vezes dos donos e dirigir, eles próprios, o carro. Para quê tudo isso, fico me perguntando. Se alguém pergunta-me se acho bonito ou feio tal modelo de carro, respondo, na lata, sem medo se ser grosseiro (muitas vezes confesso que sou mesmo) que se tiver roda, volante e buzina, para mim, são todos iguais! Agora vieram com esta história de “personal car”. O que é isso: uma pessoa que se contrata para verificar um carro usado antes de ser comprado. Meus instintos anti-carro sinalizaram na hora. Que bobagem! Para quê mais essa agora? A idolatria pelos carros está ficando algo doentio para os humanos que podem ter acesso cada vez mais fácil a eles, que cada vez estão sendo fabricados em maior quantidade e a despeito da tão propalada qualidade de poluírem menos, pois de nada adianta poluírem menos (o ideal seria que DESPOLUÍSSEM!) se eles se reproduzem como ratos nas ruas! Até a China, que até alguns anos atrás servia de exemplo de bom senso, pelo alto índice de bicicletas pelas ruas, passou a adotar a ridícula filosofia de adoração aos carros, herdada dos americanos. Podem pensar o que quiserem desta atitude minha. Não me envergonho das minhas idéias, pelo contrário, sempre as assumi, antes de proclamá-las, sem contudo me eximir de pecados. Por exigência das circunstâncias, possuo carro, apesar de andar, em 90% das vezes, a pé. Mas a família tem que ir junto e aí, temos que nos deixar vencer pelas circunstâncias. Mas isso não me impede de pensar e de ter idéias. Reparto-as, pois talvez interesse a alguém. Acredito, sinceramente, que a comunicabilidade que a internet nos dispõe serve para algo mais que colocar “o que você está pensando” no feice búque para ver a reação de outros que desperdiçam o tempo respondendo, “curtindo” e, mais precisamente, gastando o tempo que não pára, em algo que leva a exclusivamente nada, mas pode levar à criação de novas profissões, como a utilíssima recém chegada ao Brasil, o “personal car”. Parece brincadeira!
Ricardo Lopes Rocha

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Conversando sobre educação política II



Escrevi, na edição anterior, sobre processo político eleitoral e educação para a escolha dos candidatos. Escrevi também sobre a temporada em que morei em outra cidade. Voltei para Diamantina na gestão do saudoso Dr. João Antunes e vivenciei o processo histórico de transformação da cidade em Patrimônio Cultural da Humanidade. Vivenciei ainda, de maneira mais próxima, a vinda do curso de Enfermagem para a FAFEOD, que foi uma verdadeira saga vivida pelas primeiras turmas e pelos poucos professores que havia, mas lutaram e conseguiram. Deste embrião surgiram mais seis cursos, na área da saúde e das ciências agrárias, e a FAFEID foram instaladas. Logo veio a transformação em UFVJM, consolidando um processo já irreversível que faz de Diamantina um pólo de cultura. Todo este processo, aliado ao fim das atividades do garimpo, mudou bastante a nossa cidade. Hoje em dia, temos uma população mais diversificada tanto pela origem geográfica, pela filosofia de pensamento e também pela cultura. Os representantes de um povo tão heterogêneo deverão, logicamente, ter projetos para contemplar os mais diversos desejos e anseios. É evidente portanto, que aquele que vier com um discurso com tendências a favorecer esse ou aquele segmento, esta ou aquela pessoa, evidentemente não poderá fazê-lo (e nem deveria, mas muitos prometem coisas deste tipo). É preciso esclarecer de uma vez por todas que, voto, além de ser um direito e dever cívico, é a transferência que se faz de um direito de decisão e que deve ser feita de graça, com a única e exclusiva finalidade de repassar àquelas pessoas com as quais nos identificamos pelo discurso, pelo pensamento, pela ideologia e pela capacidade administrativa, o nosso quinhão de decisão que temos. A troca de um voto por um favor é uma atitude desleal para o que propõe, para o que se deixa corromper, e ruim para toda a comunidade. O gestor público deve ser uma pessoa que possua capacidade de administrar as verbas públicas em favor da coletividade e não de apenas uma parcela que é ou foi simpática a ele. Seria muito bom se tudo que nos prometessem fosse cumprido, mas é impossível dar tudo a todos. Por isso mesmo, aquele que muito promete, não tem intenção e nem poderá cumprir a promessa. Porém, uma promessa pode ser feita e aceita se bem fundamentada: a de que a administração se fará de maneira honesta, transparente, ética e democrática.
Ricardo Lopes Rocha