Projeto Acerta Pedra

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Atualizei o título, porque de Manifesto, quando aceito, deve torna-se um Projeto. Um projeto de todos que gostam de Diamantina, e que faço questão de compartilhar. Recebi e ainda recebo muitas contribuições.
      Críticas também, e estas com certeza, vieram a contribuir sobremaneira. Uma delas foi a de mudar o enfoque do discurso. Já que o nome mudou, a turma aumentou, o apoio se efetivou, uma equipe de trabalho foi formada, o discurso deve ser mudado. Com certeza. Não estou mais só, somos uma equipe agora. Foi o que eu sempre desejei: repartir com tantos quantos houvesse para compartilhar.
      Ainda bem que todos os que se apresentaram para a partilha demonstraram efetiva e verdadeira vontade de trabalho.
         É do que se necessita para vencer as barreiras que irão aparecer, mais cedo ou mais tarde.
         O que posso fazer por enquanto é agradecer o apoio recebido até agora, de todos os amigos anônimos, ao Quincas, ao Fernando Gripp, ao Fernando das pedras.
        Não posso deixar de agradecer os mais de 1800 acessos ao blog em menos de 40 dias, algo muito interessane, já que o blog trata somente de um tipo de assunto.

          Em seguida, agradeço ao efetivo apoio recebido pelo Prefeito Municipal, e toda a sua equipe envolvida no projeto, incluindo o secretário de obras e toda a turma de calceteiros liderada pelo Adilson que se fizeram presentes na reunião do dia 27.
            Passada a fase do EU, agora, NÓS vamos mandar bola para a frente. Desta mesma maneira; quem torceu, que continue torcendo; quem publicou minhas notícias, que as continue publicando; quem acessou o blog, que continue acessando (e tentando postar comenario - é difícil e nem eu sei direito); quem criticou, que ache mais defeitos e erros, pois são deles que devemos retirar o aprendizado; quem se dispôs a arregaçar as mangas, vamos lá que a hora é agora!
          Para muita gente nada disso importa e nossa missão de agora em diante é mostrar que importa sim, resgatar uma cultura, que necessariamente não terá que ser estampada em quadros a óleo, em partituras de música ou numa peça teatral. O modo como criaram e fizeram o pavimento de nossas ruas foi uma manifestação cultural que espelha um estilo e um modo de encarar a vida, mostrando que até no piso temos nosso capricho. Isso é cultura. Isso é história. Fazer o resgate deste estilo e ao mesmo tempo resolver um problema comunitário de ordem prática é nosso desafio.



História do Manifesto Acerta Pedra
Abaixo da história vem a postagem com o seguimento dos acontecimentos.


25/06/2011: O Manifesto Acerta Pedra tem sido publicado na “Voz de Diamantina” em fascículos desde fevereiro deste ano. Antes de explicar do que se trata, vou escrever uma rápida retrospectiva da história do calçamento das ruas da nossa cidade. O calçamento de Diamantina foi feito originalmente com a escória do garimpo que gerava pedras roliças. No meio da rua eram colocadas pedras mais largas e lisas que eram chamadas de "capistranas" e ao lado, as pedras roliças, o que gerava um bonito efeito, porém bem difícil de caminhar. Este calçamento foi alcunhado de "pé-de-moleque" e dele temos exemplos conservados ainda hoje. Por exemplo, na praça do Mercado Velho existe um trecho; no Beco das beatas também. Este calçamento, por ser bastante desconfortável para caminhar e mais ainda para o tráfego de veículos, foi sendo substituído aos poucos a partir da década de 1940 por uma imitação do calçamento usado pelos romanos na antiguidade. Para esta substituição, as pedras roliças foram substituídas por pedras lisas e largas, que são chamadas de "pedras-laje" ou "matacões". No início, esta substituição foi feita com uma técnica na qual as pedras eram travadas umas nas outras, sem sobrar espaço entre elas. O travamento entre as pedras deu o nome para a técnica: "calçamento recunhado", porque a fixação das pedras maiores eram feitas por pedaços menores, as "cunhas" que eram sobras das próprias pedras, preparadas para se encaixarem nos espaços. Era um serviço lento e artístico, que se deu nas décadas dos anos 50 e 60.
                       Na Gestão do Dr. Sílvio Felício dos Santos, eu era criança, lembro-me bem, Diamantina experimentou uma época em que muitas ruas foram calçadas. Foi uma maravilha para toda a população que deixou de conviver com a poeira. Isso aconteceu no final dos anos 60. O detalhe ruim foi que para acelerar o processo de calçamento, passaram a usar uma técnica alternativa para preencher espaços entre as pedras: o cimento. Esta mudança acelerou bastante o processo, poupava muitas pedras, mas foi um sonho que terminou rápido. Como o cimento não tem a mesma resistência que as pedras, o rejunte feito com este material rapidamente começava a se esfacelar. Como naquela época não havia controle sobre o peso dos veículos que circulavam no centro da cidade, a quebra progressiva do rejunte em cimento fez com que as ruas recém calçadas começassem a apresentar desníveis e buracos, já que as pedras ficavam instáveis.
                        Os Diamantinenses começaram a penar com os sacolejos ao trafegar pelas ruas da cidade, mas pelo menos não havia mais ruas de terra. Nos anos 70 e 80, houve ainda inúmeras intervenções de empresas para instalação de fiações subterrâneas de telefonia, de luz, consertos na rede pluvial e de esgoto, ligações de água, coincidindo com o crescimento e desenvolvimento da cidade. Nestas intervenções, as valas que eram feitas onde havia calçamento recunhado, eram tampados usando pedras e cimento. Isso se deveu ao fato de que as empreiteiras não tinham tempo a perder e por isso, certamente usaram cimento como rejunte já que assim o serviço saía mais rápido.
                        Foi assim que o calçamento recunhado, mesmo sendo resistente, foi sendo degradado e os remendos se multiplicando, salpicados no meio do que outrora fora uma superfície regular. Durante muitos anos, isto tem acontecido e o calçamento vem sendo degradado cada vez mais.
                        Reparem nestas fotos: a primeira delas, mais aproximada, mostra o cuidado com que foi feito o calçamento recunhado. O trecho fica do lado esquerdo da catedral, onde hoje funciona área de estacionamento.  Não sofreu com trânsito pesado nem com as valas.

                        Nesta outra foto abaixo, um trecho da Rua da Glória, onde pode-se perceber um afundamento bem no meio da rua. Este é sinal de que ali foi palco e uma vala e que houve uma falta de cuidado para recolocar as "pedras-linha" (que dividem a rua em mão e contra-mão, tipo uma faixa), quando a vala foi tampada. É perceptível também, em primeiro plano, remendos feitos sem os cuidados da arte original.

                    Nosso calçamento é um patrimônio raro que deve e pode ser conservado. No entanto, necessita de uma manutenção e no meu modo de entender, deveria ser RESTAURADO da maneira como foi originalmene feito, com toda a paciência e tempo necessários.
                        Além disso, a técnica não tem sido passada de pai para filho; não existe a continuidade desta técnica entra a turma dos novos calceteiros. A ideia é restaurar algumas ruas do centro histórico no estilo calçamento romano recunhado com pedras, sem uso de cimento, como o da primeira foto.
                       Para se ver um belo exemplo de um trecho com este tipo de calçamento em bom estado, é só passar em frente à estação ferroviária (no final da Avenida Francisco Sá) e admirar com que arte era feito. Veja a foto abaixo que no entanto não dispensa uma visita ao local.

        O que é o Manifesto Acerta Pedra  
                  
O Manifesto Acerta Pedra é uma proposta de restaurar um trecho de rua que esteja bem estragado com o estilo recunhado para servir de exemplo, uma espécie de oficina, para testar problemas e soluções. Dando certo, servirá de estímulo a restaurações de novos trechos.
           Para isso, me proponho a treinar e orientar gratuitamente uma turma de operários, repassando conhecimentos adquiridos com os próprios calceteiros e aproveitando meu pendor didático para não deixar todo um saber ser esquecido.  Além deste treinamento, quero acompanhar a obra até a conclusão.
              Na entrada da minha casa foi feito um trecho de calçamento no qual eu trabalhei e ajudei, aprendi e fiz questão de ser feito na técnica recunhada, sem o uso de cimento. Aguentou subida de caminhões carregados durante todo o tempo de construção da casa e encontra-se liso, liso, perfeito, após seis anos.
                O primeiro passo será reunir com as pessoas que se solidarizarem com o movimento para ajudar a escolher o trecho de rua a ser restaurado. Este trecho deverá ser central - para chamar a atenção; deverá estar bem estragado para que a diferença seja notada e também deverá ser um trecho que possa ser interrompido sem muitos trasntornos, por um período de tempo longo, de um mês ou dois. Obviamente esta obra terá que ter licença da Prefeitura para acontecer e apoio da Polícia Militar para a interrupção das ruas.
                 Todo o processo deverá passar pelos trâmites legais, e possuir todas as autorizações necessárias, já que será feita em área pública.
               



As motivações do Manifesto Acerta Pedra

                   Quando menino, aos quatro anos, eu acompanhava o serviço dos operários durante o calçamento da Praça Dr Prado (Cavalhada). Depois de calçada, aquela rampa que existe ao lado da quadra era a pista perfeita para os carrinhos de rolamentos da nossa turma. Até hoje guardo uma lembrança de uma ponta de pedra no final da rampa que, se não conseguíssemos desviar, era queda certa que estraçalhava nossos rolamentos e joelhos. Mas ao contrário dos tempos atuais, naquele tempo, depois de machucar os joelhos, bastava correr para casa e lavar com água e sal que fazia casquinha e depois sarava. Conto esta lembrança para dar um exemplo de como as pedras do calçamento me marcaram desde cedo.
                       Cresci vendo a cidade sendo esburacada e nunca voltando a ser como era. Vi novas ruas sendo calçadas cada vez com menos cuidado e se deteriorando rapidamente. Aos quinze anos, ganhei minha bicicleta e já tinha de cor os locais que tinha de passar, evitando os buracos, pois ela possuía pneus finos.
                      Após me formar em Odontologia, me mudei de Diamantina e fui trabalhar fora durante quinze anos. Quando voltava para visitar meus pais, sempre reparava que o calçamento continuava na mesma.
                       Ao retornar a residir aqui, comecei a colaborar com o jornal “Voz de Diamantina”, escrevendo semanalmente. Este exercício me fazia lembrar dos problemas e pensar nas possíveis soluções todas as semanas. Em determinado momento, decidi começar a movimentar a opinião pública, em relação ao problema do calçamento, mesmo que timidamente (sei das minhas inúmeras limitações); e isso veio na forma deste manifesto.
                    Propositalmente, este diálogo está sendo demorado, não defini muito as ideias, justamente para tentar obter mais cumplicidade de possíveis apoiadores e tentar absorver mais críticas, evitando errar menos.
                        É evidente que o espaço público, quem deve conservar é o administrador público.
                       Mas sou testemunha de que há pelo menos uns quarenta anos que não se faz uma manutenção decente no nosso calçamento. Com esta afirmação, fica de fora de cogitação culpar políticos deste ou daquele partido. Simplesmente não houve a preocupação em dar manutenção no calçamento. Daí nasceu a minha proposta: já que aprendi a fazer, sei como funciona o travamento, fiz em minha casa, coloquei a mão na massa, me proponho publicamente a treinar ajudantes e a realizar a restauração de um trecho de calçamento no melhor estilo recunhado e sem cobrar por isso. Abaixo, detalhe do calçamento que fiz em minha casa

                      Só que ninguém pode intervir no espaço público assim, sem licença, sem projeto. Tudo isso deverá que ser feito da maneira legal e o projeto, preferencialmente deverá ser apresentado ao Prefeito Municipal para obter sua cooperação.

Progressos no Manifesto

Logo após a reunião pública do dia 3 de julho, quando foram tiradas muitas conclusões, ainda não se sabia como levar o manifesto ao Prefeito. O Quincas me apresentou ao Sr. Fernando, que já havia tido muitos encontros antes com o Prefeito e soube do Manifesto através das publicações na Voz de Diamantina. Por um longo tempo conversamos e combinou-se um encontro com o Prefeito Municipal que, segundo o Sr Fernando, estaria disposto a aceitar a proposta.
Transformei então o manifesto em Projeto Acerta Pedra e entreguei uma cópia em mãos do Prefeito Municipal, o Padre Gê. Este escontro foi no dia 23 de julho e foi muito proveitoso. Em relação a ele, leiam um artigo na página "Jornal".




23/07/2011 No dia 20 de julho, foi entregue ao Prefeito Municipal de Diamantina, o "Projeto Acerta Pedra" de minha autoria. na página. Veja o recibo na capa da minha cópia:







A partir deste encontro, formamos uma equipe que passou a trabalhar em conjunto, discutir e resolver os problemas que não serão poucos. Repito que o trecho a ser restaurado será uma OFICINA para fins de:            
                               orçamento,
                               seleção de material,
                               treinamento de pessoal,
                               verificar a reação da população frente a um trecho de rua realmente liso e bem calçado;
                               Um aprendizado geral, enfim, depois de 40 anos sem que se fizesse a técnica recunhada
                               Um desafio a ser vencido

                         Para tudo isso, estou percebendo o apoio desejado tanto da equipe da Prefeitura, como do Prefeito, como do Sr Fernando, sem contar a torcida de todos que se encontram comigo na rua e torcem silenciosamente; a do Quincas, publicando religiosamente toda a evolução do processo.
                      Por tudo isso, a expectativa é grande, vamos colocar mãos à obra em breve e espero que a população acompanhe e aprove depois de concluido nosso intento.

Reunião da equipe do projeto
27/07/2011  Ontem, reunimo-nos; o Prefeito Municipal, o Secretário municipal de obras, o Sr Fernando de Gouveia, eu e toda a turma de calceteiros, para discutir sobre o projeto de restauração de um trecho de rua. Decidiu-se que será na Rua São Francisco, acima da Casa de JK, onde está bastante estragado, o trânsito é intenso e não irá (a princípio) incomodar muita gente, já que fica ao lado do muro da Praça de Esportes. Para o início das obras, espera-se apenas conseguir uma remessa de pedras e de traços, para que, logo que descalçar, já ter o material para repor as ruins e ocupar os locais antes ocupados por cimento. Todos demonstraram um pensamento positivo, entretanto, esclarecendo problemas que devem ser enfrentados. Conversamos por mais de duas horas, discutiu-se abertamente todos os problemas,opiniões, de maneira bem proveitosa. Veja as fotos.




Reunião com os calceteiros na Praça de esportes





O Sr. Rangel, o mais vivido da turma, deu depoimentos importantes sobre a técnica do recunhamento e da rotina que enfrentava, da aventura de talhar os traços das ruas e outros casos. É preciso manter vivo esse saber! É preciso manter as características da nossa cidade. E o nosso calçamento é único no mundo; não há outro como ele.